O som crocante quando você morde uma batata frita ou um biscoito crocante não é acidental. Por trás dessa experiência sensorial há um design industrial que ativa mecanismos neurológicos e psicológicos para gerar satisfação e incentivar o consumo repetido.
A indústria alimentícia implementa processos como a incorporação de ar na massa e a manipulação de temperaturas durante o cozimento para obter a textura crocante característica. No Brasil, os alimentos ultraprocessados desse tipo mais consumidos são biscoitos, doces, pães e salgadinhos.
A ligação entre crocância e prazer é apoiada por vários estudos que demonstram como estímulos auditivos podem alterar a experiência do paladar. Esses estudos mostram que texturas crocantes produzem uma sensação agradável que estimula os consumidores a comer mais, mesmo inconscientemente. (1)
No entanto, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), esses tipos de alimentos deslocam opções nutritivas na dieta diária, o que contribui, se consumidos em excesso, para o desenvolvimento de obesidade, diabetes tipo 2 e outras doenças crônicas não transmissíveis.
Além disso, a dureza desses produtos, combinada com ingredientes como açúcares e gorduras, pode causar desgaste dentário progressivo e complicações metabólicas. (2)
Na mesma linha, a OPAS também relata que, na América Latina, o consumo de alimentos ultraprocessados aumentou nos últimos anos, coincidindo com o aumento das taxas de sobrepeso e obesidade.
Fontes
- Avaliação da textura dos alimentos e preferência com base no comportamento bucal. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0950329316300817
- Os alimentos ultraprocessados estão ganhando cada vez mais espaço na mesa das famílias latino-americanas. https://www.paho.org/pt/noticias/23-10-2019-alimentos-ultraprocessados-ganham-mais-espaco-para-familias-latino-americanas
